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segunda-feira

Yes, we have bananas!

Coluna Trend by Woman (TBW) por Mariana Yoshimoto

Escolhi esse mês uma marca específica para contar a sua história: a Prada. A escolha é justificada nas 48 de capas de revistas pelo mundo, editoriais, blogs que eles marcaram presença. Além do tema dessa coleção ser fascinante.

A marca italiana nasceu com Mário Prada em 1913. Ele costumava desenhar bolsas, sapatos, malas para duas lojas em Milão e tinha clientes na Europa e nos Estados Unidos. A marca começou a ganhar reconhecimento quando começou a desenvolver peças de couro, principalmente para pessoas que viajavam de avião e buscavam resistência com glamour.

Em 1978, sua neta Miuccia Prada assumiu a empresa. Ela que não tinha nenhuma experiência com moda, pelo contrário, estudava teatro e tinha um PhD em ciências políticas, continuou focando todas as suas coleções em peças de couro. Alguns anos depois, ela teve a ajuda do seu marido que assumiu a parte financeira da empresa e ela ficou com a parte criativa. E essa combinação acabou gerando o sucesso que a marca é hoje.

Em 1990, Prada já era uma marca bem estabelecida. As suas peças eram reconhecidas como sofisticadas e de alta qualidade. As roupas tinham um estilo simples, mas usavam tecidos luxuosos e as cores que dominavam eram: preto, marrom, cinza, verde e bege.

Ao contrário dos anos 90, a última coleção Primavera/ Verão 2011 é recheada de cores e vida. O tema da coleção é baseado em dois personagens muito marcantes na história da cultura: Carmem Miranda e Josephine Baker. Além de muitas referências mexicanas (não foi dito que teve influência em Frida Kahlo, mas pode-se notar alguns detalhes que poderiam ser atribuídos a ela).

Carmem Miranda que era filha de português e se transferiu com os pais para o Brasil, fez sucesso colocando a música brasileira em evidência nos Estados Unidos, em 1939. Ela era encantadora com suas roupas e chapéus cheios de babados e frutas. Além de abusar de salto alto, já que ela era muito baixa! E por isso usava plataformas imensas.

Já Josephine Baker foi uma cantora e dançarina de origem americana com africana que depois se naturalizou francesa. Essa mistura de culturas propiciou que ela se destacasse e fosse a primeira artista negra a fazer sucesso na França. Ela ficou conhecida, principalmente por cantar uma música chamada: “Yes, we have no bananas” quase nua ou apenas com uma saia feita de bananas.

Toda essa pesquisa foi a base do desenvolvimento dessa coleção da Prada: todas as cores utilizadas, muitas bananas, babados, chapéus, saias e muitas plataformas. Vale à pena dar uma olhada na coleção (ou comprar as roupas que a Zara já fez com todos os inputs desse desfile da Prada no lançamento da Europa). Moda esta que já é um sucesso inclusive entre os asiáticos, que foram as compras, e fizeram o lucro da marca subir 51% na região.

E fiquem de olho, que no próximo mês, a marca fará um IPO (dizem que será em Hong Kong). E palpites são bem vindos para saber qual é o valor da marca. Alguém quer arriscar?

Um abraco,
Mariana

quarta-feira

Ugg ou seria Uggly?

Coluna Trend By Woman (TBW) por Mariana Yoshimoto

Outro dia eu vi uma palestra com o Tommy Hilfiger e uma pessoa que estudou o estilo preppy (outro dia eu exploro o conceito que é bem divertido). E um dos comentários da pessoa sobre a moda italiana foi o seguinte: "como a moda italiana pode ser classificada como uma referência se vocês usam Ugg e Moncler?".

Nao consegui parar de refletir sobre o assunto, já que sempre insisto em dizer que os italianos tem um senso estético mais avançado do que o nosso - brasileiro. E por isso, a reflexão que deve ser gerada aqui é: como podemos desenvolver a nossa percepção estética e enfrentarmos as barreiras que nós criamos sobre a moda?

Vamos começar pelo fato de que brasileiro muitas vezes se sente inseguro de mostrar o seu estilo sem ser julgado pelo vizinho.

O Brasil é ainda um país relativamente novo, em fase de crescimento e com muita desigualdade social. E a forma de mostrar que alguém tem uma condição financeira melhor do que a outra, muitas vezes é expressado nas roupas que todos vestem.

Não só entramos no mérito de quem tem uma condição financeira melhor, mas também em como as pessoas se enquadram dentro da realidade que elas vivem. Um bom exemplo disso são as tribos que são criadas para que haja identificação entre as pessoas que tem os mesmos gostos. Essa criação de grupos acaba restringindo a relação que cada um tem com as suas roupas! Limita-se o estilo, prevalece os mesmos padrões, sem inovações ou mudanças!

Por outro lado, vejo um grande crescimento de blogs sobre moda e do sucesso das redes de fast fashion (Zara, H&M...).

Muitas meninas acabam copiando os estilos do exterior, principalmente os americanos. Eu apoio muito o benchmarking, mesmo porque, entendo que estas ferramentas de marketing e comunicação estão a disposição para ensinar e ajudar a disseminar alguns momentos da moda.

Mas ainda acho que o povo brasileiro, que é formado de tantas misturas de raças precisa começar a arriscar mais na mistura de tecidos, cores, estampas.... para conseguir desenvolver uma moda brasileira mais significativa no exterior. E nao só sermos uma cópia ou o país da moda praia.

Apoio o consumo das redes fast fashion neste ponto que o Brasil está. As grandes marcas desenvolvem grandes estudos (tendências, cores, estilos, tecidos...) para criar uma coleção. Quando as fast fashions desenvolvem as suas coleções baseadas nas marcas de referência da moda (Prada, Gucci, Dolce&Gabanna, Missoni...), elas acabam educando o consumidor que é alheio à moda. Cria-se uma disseminação das coleções e pessoas que antes nunca pensavam sobre moda, acabam sendo impactadas e absorvem algum conhecimento estético.

A reflexão sobre o assunto é longa, mas vamos torcer para que a moda seja mais disseminada, os julgamentos acabem, e que as ruas do Brasil fiquem longe das botas Uggs e jaquetas Moncler!

Um abraco,
Mariana Yoshimoto