terça-feira

Mulher - liderança no empreendedorismo


Por Cinthia Almeida

As mulheres brasileiras tornaram-se líderes no empreendedorismo no país. Elas representam 53% do total de empreendedores do Brasil, o que corresponde ao universo de 18,8 milhões de mulheres. Os dados são da pesquisa Global Enterpreneurship Monitor, realizada no país pelo Sebrae e Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade.

Além disso, o Brasil foi o país com o maior número proporcional de iniciativas desenvolvidas pelo público feminino, de acordo com o último estudo. E ocupa a 7ª. posição no ranking mundial de mulheres empreendedoras.

Este avanço da população feminina já caminha em diferentes setores da nossa economia. E se tornou mais claro, em específico, no empreendedorismo desde 2001 com a queda da participação masculina e estagnação em outros anos. E, por conseqüência, com a ascensão da colaboração feminina alcançando o ápice no ano de 2009 (última mensuração da pesquisa).

Figura: Empreendedorismo entre gêneros


Mas o que as levou a alcançarem esta posição de liderança?

Considerando que a liderança foi alcançada em 2009, podemos citar a crise vivida pelo mundo em 2008/2009. Apesar do Brasil ter sofrido menos que muitos países, acompanhamos diversas demissões de grandes multinacionais seja pelo corte de custos vindos de suas matrizes como também por medo e precaução de outras tantas empresas com o que poderia vir a acontecer.

Nesta fase, muitas mulheres aproveitaram para se recolocarem como donas de seus próprios negócios.

Além do fator econômico, é importante destacar o comportamento feminino.

As mulheres, em geral, são muito detalhistas, ou seja, neste caso elas analisam e planejam de forma minuciosa as possíveis oportunidades, desafios e riscos do negócio em questão.

Elas são mais persistentes nos objetivos a serem alcançados, deixando de lado o imediatismo e trabalhando com maior paciência para esperar seu negócio dar lucro.

O fato de serem multi-tarefas muitas vezes as obriga a buscar trabalhos que conciliem todos os papéis que desempenham. Algumas começam com trabalhos que complementem a renda, outras buscam “bicos” paralelos para as satisfazerem e quando possível, se dedicar completamente à atividade escolhida. São em exemplos assim, que nascem as mulheres empreendedoras.

As mulheres são movidas a desafios e buscam, em geral, aprofundar seu conhecimento, o que as auxilia a encontrar novas oportunidades e compartilhar experiências com outras pessoas.

E foi a partir desta perspectiva otimista que grandes investidores voltaram a atenção para as mulheres empreendedoras. Como foi o caso do banco de investimentos Goldman Sachs, que apoiado pela FGV e IE Business School lançou em 2008 o programa 10.000 Mulheres.

O projeto consiste em assistir as empreendedoras de países emergentes como Brasil, Índia, China e Egito a abrirem e gerirem seus próprios negócios de forma saudável.

O investimento previsto para ensinar estas mulheres é de US$100 milhões. O curso é gratuito, passando as candidatas por processos seletivos; e a intenção é que em 6 meses todas passem pelas principais áreas de uma empresa. É ministrado em São Paulo, pela FGV e em Belo Horizonte, pela Fundação Dom Cabral.

As mulheres já dominam as redes sociais no Brasil. E de olho nesta oportunidade, no começo deste ano, foi lançada uma rede social voltada exclusivamente para mulheres empreendedoras. A Rede Mulher Empreendedora conta com um espaço de Coworking para trabalho, reuniões, cursos, palestras e também com um ambiente virtual para troca de experiências e contatos.

Além disso, há também na rede social Linkedin o Grupo Mulheres de Negócios que já possui mais de 2 mil mulheres cadastradas que falam sobre negócios dentro de fórums do próprio grupo.

As mulheres tem o diferencial de trabalharem de forma colaborativa, com forte tendência em querer apoiar umas às outras e se engajarem em causas alheias, o que ajuda na aderência destes grupos.

Nunca foi tão falado no papel da mulher nos negócios como nestes últimos anos. Não é difícil acreditar que muitos outros topos serão alcançados pela força do poder feminino.

O GPS é um parceiro na hora de dirigir, mas é preciso cuidado

Coluna Trend By Woman (TBW) por Luana Ramos

Dirigir na maioria das grandes cidades muitas vezes se torna um desafio para todas as mulheres. Não, não vou tocar no assunto de que homens dirigem melhor nesse trânsito caótico e anormal que nos rodeia. Aliás, não concordo com essa afirmação!

Refiro-me ao nó em que se transformam as cidades a cada dia, obras por todos os lados, congestionamentos, pontes, novas ruas e avenidas... E nessa hora, realmente precisamos conhecer o lugar onde estamos, porque buscar ruas alternativas, atalhos e caminhos mais curtos acaba tornando-se necessário.

É em horas como essas que podemos ter um parceiro para nos ajudar a enfrentar esses “problemas” que estão em nosso cotidiano - o GPS (Global Positioning System).

O aparelho GPS é um navegador que oferece dados de posicionamento baseados em satélites. Ele permite se localizar melhor, a partir das informações enviadas pelo satélite ao receptor, e fornece dados sobre velocidade na via, radares, mapas e muito mais. A informação é captada e um software a transforma em comandos de voz e mapas, orientando o motorista.

Além dos aparelhos usados em automóveis, há ainda os celulares que oferecem esta tecnologia.

Mas para que o GPS seja um parceiro e não uma armadilha, é necessário seguir algumas dicas na hora de usar o aparelho:

• Espere algum tempo antes de sair com o carro até que o GPS localize o sinal do satélite, pois isso demora mais quando o veículo está em movimento.

• O mau tempo, excesso de prédios altos e outros fatores podem afetar a recepção do sinal do satélite.

• Confie no aparelho, mas desconfiando. Algumas ruas podem ter mudado de sentido ou não estarem mapeadas, o que requer jogo de cintura do motorista.

• Em horários de pico, evite escolher o caminho teoricamente mais rápido, pois o aparelho levará você a sair nas grandes avenidas e às vezes enfrentar um trânsito desnecessário.

• Ao escolher a opção de caminho mais curto, a chance de seguir por ruas alternativas é maior. Cuide, no entanto, de observar se o caminho sugerido é seguro.

• Não deixe o carro estacionado com o GPS preso ao pára-brisa do carro. Guarde-o com você, assim como o som automotivo.

• Não pare o carro para procurar rotas em lugares escuros e pouco movimentados. Busque a rota sempre antes de sair do local onde o carro está estacionado.

Atualmente o mercado possui aparelhos GPS para todos os perfis de motoristas. Há aparelhos com função de MP3 Player, televisão, guia turístico e até indicador de trânsito. Porém, o mais importante é que eles sejam rápidos na localização da rota e que sejam de fabricantes que atualizem a base de mapas gratuitamente.

Por isso, muita atenção na hora de adquirir o seu aparelho GPS!

Abraços,
Luana.

domingo

O FIO DO OUTONO


Homenagem ao mês das mulheres - por Lêda Rezende
“O sucesso pessoal começa na delicadeza dos gestos e no refinamento dos atos.”

Ela estava curiosa. Queria saber da festa. Do casamento na roça. Dos novos amigos conquistados. Dos velhos amigos referendados. Ela era a própria interrogação. Até brinquei. Tomara que só lhe devolva exclamações para as interrogações. E nenhuma reticência. Para que se satisfaça. Mesmo estando tão longe.

Esta coisa de além-mar sempre é problemática. Aprendi isso faz tempo. O que impede a rotina é distante. O que impede o impulso é distante. O que tem que ser planejado demonstra a distância.

E assim ela está. Distante. Não sei se já sentiu isso. Se já aceitou o planejamento. Ela é sempre muito reservada em seus temores. E até em suas ansiedades. Aguarda os acontecimentos. Aliás - assim a definiria. O estilo aparente dela. Só o aparente.

O de dentro ninguém sabe. Muitas vezes nem o próprio dono. Pode-se ser senhor de si. Mas é muito mais complicado ser dono de si.

Minha avó sempre me disse. Aparência é igual a dúvida, menina, aparência é igual a dúvida.

Muitas vezes penso que só eu sou ansiosa. No mundo. Porque todos sempre me parecem tão resignados. Diria até amadurecidos. Só eu sofro de mania de surpresa. Mas lembrei – agora - do poeta. Falou que só ele apanhou na vida. Os amigos todos só se deram bem. Pode ser engraçado. E por isso mesmo verdadeiro. Assim são as aparências. E muitos dos auto-relatos. Vai ver por isso não há julgamento definitivo. Dever ser o que significa a palavra - instância.

Mas hoje falamos. Utilizamos as modernidades nas comunicações. E celebramos a evolução. Cedo para uma. Já tarde para outra. O relógio não obedece a novidades. Mantém seus fusos intactos. Podem inventar o que quiserem. O tempo real é domínio do relógio.

Estava tão séria. Senti pela impressão digital. Também tenho meus critérios evolutivos. Não são só corporativistas que o detêm. Perguntei pela seriedade.

Contou com direito a dois pontos e hífen.

Saíra ontem para um jantar. Arrumara-se. Escolhera com riqueza de detalhes o que iria acrescentar à imagem. Tudo em estilo outonal. Olhou-se no espelho. Gostou do que viu. Segurou a própria bolsa. E desceu as escadas. Sempre faz isso. Despreza o elevador. Acha que ele só serve para elevar a flacidez dos músculos. E recusa-se a compactuar com ele - o elevador.

E lá se foi.

Tudo ia muito bem. Até que chegou na escada que dá acesso a uma calçada. Como de hábito também desprezou o corrimão. Artefatos desnecessários. Seguia este conselho de uma prima sofisticada. Uma mulher desce as escadas sem olhar os degraus. Como aquela atriz magrinha dos filmes antigos. Observe se algum dia ela desceu uma escadaria segurando corrimão. Ou olhando os pés. Nunca. Só olhando em frente.

Vai lá saber os truques negativos da memória. Foi relembrar disso justo naquele momento. Obedeceu. Repetiu. Desceu olhando em frente. Segura apenas na bolsa.

Outono. As árvores se desfolhando. O céu cinza escurecendo para a noite. Muitas folhas pelo chão. Pelos degraus. Linda cena. Como uma tela de francês impressionista. Se não fosse - de novo - a intervenção da realidade. Cruel realidade sazonal.

Olhando para as árvores. Pisou nas folhas. Escorregou. Nas folhas. Que aceleraram a descida. Desceu os degraus numa posição nada convencional. Nada em combinação com a proposta. E se viu na calçada. Rasgara a saia. Machucara o braço de leve. A musculatura reforçada pelo não uso do elevador sofrera menos com o impacto. É certo que caiu. Mas me acrescentou. Lentamente. Muito lentamente. Nada de alvoroço em quedas. Isso nunca.

E fiquei pasma com a continuação do relato. As meias. As meias - não rasgaram. Nada daquele comentário desolado de fio puxado. Em meio a tudo isso. Diante do outono. Diante dos galhos desfolhados - poupara a meia de seda.

Lembrou a prima sofisticada. Também pela impressão digital pude sentir o olhar fino e irado pelo pensamento da orientação da prima. Mas se recuperou. Levantou-se também lentamente. Não por imposição de elegância. Desta vez a dor fez esta aparência prevalecer. Não gemeu. Não chorou. Conferiu as meias. Continuava segura na bolsa. Ajeitou os cabelos e continuou.

Foi ao jantar assim mesmo. Com o pequeno rasgo na saia. Mas com as meias - perfeitas. Alguns apontaram. E perguntaram. Outros nem notaram. E se anteciparam. Só ela ria. Com um certo disfarce. E muito esforço. Para destravar o olhar fininho da lembrança da prima sofisticada.

Na manhã do dia seguinte a musculatura dolorida a despertou para o dia. E para as interrogações. Olhou a saia no cabide. Com seu pedacinho também sofrido. Olhou para as meias. Sorriu. Conferiu os dedinhos das mãos. Intactos. A conversa poderia se estabelecer. Com fuso ou sem fuso. Com rasgo ou sem rasgo. De folhas a flores. De outono a primavera.

Rimos nas pontas dos dedos. Eis uma Lady.

quinta-feira

Direto de Milão - O Brasil está na mira do Luxo

Coluna Trend by Woman (TBW) por Mariana Yoshimoto



No quesito moda, especialmente, o Brasil está em voga. Aqui em Milão, se fala muito de como o Brasil será um mercado importante para a Itália.

Na revista Fashion Illustrated de Fevereiro de 2011 saiu uma matéria que chama: Focus Brasile. A matéria de 2 páginas conta detalhes muito interessantes do Brasil na moda e ainda mostra duas fotos: uma do desfile do Alexandre Hercovitch e a outra do desfile da Animale.

A matéria começa contando a história da chegada das primeiras grandes marcas italianas no Brasil, como por exemplo, Armani, Versace e Ferragamo. Já a Bulgari, está no Brasil a 10 anos. E fazendo referência ao Carre d’Or em Milão, que são quarteirões que possuem as marcas mais importantes da moda. Eles dizem que as marcas italianas chegam no Brasil e abrem lojas principalmente, entre os quarteirões da Oscar Freire, Bela Cintra, Haddock Lobo e Lorena.

Segundo estimativa de uma empresa especializada em consultoria econômica, Prometeia, em 2015 a população brasileira de ricos deverá superar 6,6 milhões de euro. E reforçam que embora os impostos sobre produtos de tecido e de vestimenta sejam altíssimos, ainda identificam que há um grande interesse pela moda italiana, já que a população brasileira valoriza a qualidade e o requinte do Made in Italy.

Podemos ver o quanto o mercado brasileiro é relevante para a Itália, já que a exportação do setor de tecido e de moda foi de 52 milhões de euros nos 10 primeiros meses de 2010.

A Missoni, marca forte no território italiano, chegou ao Brasil em 2009, no Shopping Iguatemi, em São Paulo e em 2010 abriu uma franquia no Shopping Iguatemi de Brasília.

Vittorio Missoni diz que a intenção é abrir uma loja no Rio de Janeiro o mais breve possível. Porém, ele afirma o quanto a burocracia de uma economia protecionista, complica a expansão dos negócios. E entende que o Brasil sofre, além dos impostos, com a alta concentração de poucos estabelecimentos para abrir lojas, já que a dinâmica brasileira é baseada em shoppings.

O que restringe, já que em São Paulo, só existe o Shopping Iguatemi e o Cidade Jardim focados no segmento de luxo.

A expectativa de abertura do Shopping JK está animando os investidores italianos.

E além dessa concentração, Vittorio diz que o consumidor que tem poder aquisitivo para comprar na Missoni, muitas vezes não tem paciência para esperar a coleção que já foi lançada na Europa ou nos Estados Unidos chegar ao Brasil e prefere fazer as suas compras no exterior. O que diminui o interesse pela compra da coleção do Brasil, que devido à diferença de estações, não é a mesma do hemisfério Norte.

Só para visualizarmos o investimento italiano no Brasil, seguem alguns exemplos de investimento publicitário em 2010:

Marca                      Meio de comunicação     $ US

Brooksfield                Revista                            655.808

Diesel                        Revista                           395.863

Dolce & Gabbana     Revista                            622.645

Emporio Armani        Revista                           889.669

Prada                        Revista                           399.834

Roberto Cavalli        Revista                            755.843

Trussardi                  Revista                            2.085.172


Fica a dica, se você tiver com algum dinheiro sobrando para investir, abra um shopping de luxo que o Brasil ainda continua carente. Os italianos agradecem.

Abraços,
 
Mariana

terça-feira

Berçário ou Babá?

Coluna Trend By Woman (TBW) por Paula Pimenta

Meu filho já está com 5 meses e confesso que quanto mais o tempo passa, mais feliz vou ficando com o crescimento dele, mas também mais triste por saber que daqui a poucos dias voltarei ao trabalho.

Uma das decisões mais difícies foi sobre deixar meu filho com uma babá ou em um berçário. Nem considerei a opção avós, pois eles moram em outra cidade.

Na verdade não há regras, pois cada um deve escolher o que melhor se encaixar no seu estilo de vida, na sua situação financeira e principalmente, no que for o melhor para seu filho.

Já li de tudo, as vantagens e desvantagens de cada uma dessas opções e confesso que sempre fui a favor de colocar o meu filho no berçário, mas a verdade é que só estando na situação para tomar a melhor decisão.

Algumas fontes me ajudaram na decisão: minha pediatra, minhas amigas, o livro Criando Meninos de Steve Biddulph, o site http://brasil.babycenter.com/, alguns artigos e o mais importante de todos - meu instinto maternal.

Após pensar muito e avaliar as opções, escolhi a babá e vou explicar o porquê.

A babá tem como vantagem manter o João Paulo na rotina dele, em casa, e isso é fundamental para que a criança cresça segura e feliz; também me dará mais flexibilidade no trabalho, pois como viajo muito e meu marido também, ter horários fixos para levar e buscar no berçário não funcionaria muito bem para nós dois; e terceiro, nada melhor do que chegar em casa depois de um dia de trabalho e só ficar com a parte boa que é brincar com meu filho, pois o trabalho do banho e alimentação ficam por conta da babá.

Além disso, a babá poderá dormir com ele quando precisarmos ou mesmo viajar conosco já que não temos parentes em São Paulo. Essa ajuda é fundamental para mantermos o nosso relacionamento saudável como casal, porque ser mulher com tantas atividades hoje em dia não é fácil e pedir ajuda não é errado.

Então, desde o 4º. mês de vida do João Paulo eu já tinha a babá para ele se adaptar e não sentir tanto falta da minha presença quando eu voltar ao trabalho.

É claro que há as suas desvantagens, pois sei que o João Paulo irá se acostumar com a babá (e eu também). E no início foi muito difícil ver outra pessoa fazer o meu papel de mãe, como trocar fraldas e dar banho. Além disso, o custo mensal gira em torno de R$ 1.500,00 a R$ 2.000,00 (em São Paulo) dependendo da idade do bebê, da região que você mora e do horário de trabalho. Usei a agência PRENDAS DOMÉSTICAS para contratar a minha babá que já está conosco a quase dois meses e estou gostando muito.

Mas, o mais importante de tudo é que nenhuma decisão é eterna. E mãe de verdade é insubstituível!

Abraços,

Paula











segunda-feira

Só Maria - texto da escritora Lêda Rezende em homenagem ao mês da mulher

Este mês, em homenagem à Mulher teremos alguns textos da escritora Lêda Rezende no blog Delas! Mkt retratando diferentes perfis femininos.

Só Maria

por Lêda Rezende

Morara toda a vida lá. Numa cidadezinha onde a terra, o sol, a lua, a pouca chuva - eram as fronteiras e as sem-fronteiras conhecidas.

Quase criança ainda - apaixonara-se. Ele disse que iam morar juntos. Que ia cuidar dela. Acreditou. Talvez.

Ficou grávida. Nem moraram juntos. Nem ele cuidou dela. Foi não-sabe-para-onde. Um lugar por certo bem distante. Não soube mais dele. Viveu de talvez. De início - foi amparada pelos parentes. Depois - desamparada pelos mesmos parentes. Acolhida e cobrada. Não tem rima - mas tem realidade.

O corpo e a emoção - mesmo tão precoce - amadureceu. Uma noite sentiu uma dor. Talvez tivesse chegado a hora - assim falaram para ela. Foi para um pequeno hospital. Aguardou sentada a vez dela. Ao lado uma sacolinha de papel amarrotada - com as poucas roupas que lhe deram. Depois a deitaram numa cama com um lençol amarelado. Ficou ali por algum tempo. Chorou de dor. Suou de temor. Tremeu. Implorou. Pediu. Suplicou.

Nasceu. Menino. Bem pequenino. Deu o nome do Santo do dia. Viu num calendário do hospital. Decidiu. Seria este o nome dele. Foi o primeiro nome que viu depois que ele nasceu. O Santo ajudaria. Confiou nos sinais.

Notou que estavam todos um pouco sérios. Começaram uma explicação. Curta. Mas prolongada para quem não sabia muito bem o que explicar. Assim pensou. Ele nascera com um probleminha. Mas quem sabe teria alguma solução. Talvez. Precisaria de muitos exames. Na cidadezinha não havia possibilidade.

Ai começa a tecer a poesia dela. Com a ajuda de amigos e vizinhos conseguiu uma consulta numa cidade próxima. Talvez melhor equipada. Foi com o filho. Sozinhos. Nada concluíram. Nem diagnóstico. Nem prognóstico. Aconselharam a ir a um grande centro. Até se surpreendeu. Para ela - ali era um grande centro. Nāo sabia dos maiores. O mundo dela estava todo ali - naquela cidade que sempre entendeu como suficiente.

Não era. Deveria seguir - se pudesse. Aceitou. Seguiria.

De versinho em versinho chegou até a cidade grande. Enorme. Uma viagem longa. Difícil. Mas enfrentou. Todo o tempo. Noite e dia sem dormir. Cuidava do filho no espaço minúsculo do assento do ônibus onde estava.

Trazia numa carterinha um bilhete de uma amiga. Um parente distante morava na tal cidade enorme. Avisou - quem sabe lhe ajuda. Sentiu a repetição. De início foi amparada. Depois desamparada. Desta vez já conhecia esta rotina. Compreendeu. Agradeceu.

Se quando chegou nem sabia bem onde - rapidamente aprendeu alguns trajetos. Depois de um tempo já se localizava com alguma facilidade. E as idas e vindas ao atendimento no Hospital recomendado passaram a fazer parte do cotidiano. Com o filho. Muitas noites se sentiu igual a ele. Sem prognóstico. Mas aguardou. Até para desistir tem que haver possibilidade de escolha. Não tinha escolha - não desistiria. E não necessariamente nesta ordem.

Nesta manhã sentou-se com o filho no colo diante do médico. Mais uma consulta. Estava muito magra. Tinha os músculos dos braços bem marcados. Era bem jovem ainda. Mas as marcas da pele desconsideravam a cronologia. Ou o contrário. As mãos rudes e ásperas pareciam leves. Tocava os poucos cabelos do filho com muita suavidade.

Sentada com ele no colo escutou o que buscara. Uma certeza. Qualquer uma serviria. Não queria administrar os não-sei. Não suportaria mais - talvez. O saber lhe dava nomes. Diminuía a angústia. Permitia o medo. Medo é mais fácil de assimilar porque já se sabe do que é. Na angústia fica-se balançando numa dor que não tem vínculo. Estava cansada de talvez.

Definido. A doença era sem resgate. Haveria uma aparente evolução física normal - tempo de calmaria. Assim tentava entender. Depois uma queda na evolução natural - até a fase terminal. Não seria muito curta. Mas também não seria muito longa. Passaria por vários estágios. Seriam necessárias algumas intervenções. Algumas mais complicadas. Outras mais simples. Mas faria muitas delas.

Foi-lhe dito assim. Com delicadeza. Mas com a sinceridade necessária. Escutou atenta e silenciosa.

Abraçou o filho. Sorriu para ele. Disse com um sotaque forte. Vamos tocando a vida. Já chegamos até aqui. Parecia impossível. E já chegamos. Agora vamos continuar.

Consegui um lugar para nós dois morarmos. E um trabalho que posso também ficar com ele. Vou ficar. Não volto mais para lá. Aqui ele terá melhores cuidados. De onde vim - vai ter nunca o que tem aqui. Falou e olhou em volta. Para cima. Para as paredes. Deu a impressão de que olhava toda a cidade. Daquela cadeirinha onde estava sentada – visualizava a Geografia. Um vôo além do marcado. Dimensionava o espaço numa forma de reduzi-lo. Do tempo já entendera. E não queria mais discussão sobre quanto. Nem quando. Escolhera apenas o onde. Isso era o que entenderia dali em diante. Do onde.

Falou com a métrica certa. Uma estrofe perfeita. Onde as palavras faziam marcações corretas. Não havia queixa. Não destacava lamentos. Muito menos referência a sorte. Ou à falta dela. Havia emoção. Solidão. Intenção. Ela era toda a atemporalidade.

Quando levantou sorriu com ar de criança. Talvez o único fragmento em que a idade cronológica se igualou à aparente. Pareceu tão frágil. Tão assustada. Mas se recompôs rápido. No instante seguinte já carregava o filho. A esperança. As certezas. E a força - visível nas veias dilatadas do braço fino - mas musculoso.

Na sacola de tecido bege que segurava - tinha o desenho de uma flor.

Tinha dor. Mas tinha flor. Tinha rima. Tinha certeza. Tinha valor. Tinha clareza. Tinha pranto. Tinha Santo. Ele a abandonara. Ele tinha nascido. Fizera-se mulher. Era mãe. Mudara-se imigrante. Tinha emprego. E endereço.

Encerrou o atendimento afirmando - somando tudo - tenho tanto.

terça-feira

Homenagem ao Dia Internacional da Mulher - Nova Mulher, quem é ela?

Quantas décadas se passaram daquela mulher que esperava o marido pós-guerra e que se dedicava única e exclusivamente aos deveres de casa. E que muitas vezes assumia papéis masculinos para manter sua família e lar.

A participação da mulher na revolução sexual, na chegada da pílula, na invenção da minissaia, na aceitação social dos casamentos que não deram certo. Muitos anos marcaram a vida destas mulheres.

Grandes transformações foram vividas até a mulher alcançar seu papel atual na sociedade.

Sem se preocupar demasiadamente em se equiparar ao homem, a nova mulher busca entender seus limites e desafios. Tem plena consciência de onde quer chegar, o que deve fazer e vai ao encontro da realização pessoal e profissional. Diga-se de passagem, tarefa nada fácil.

A nova mulher não aceita errar. Ela se cobra o tempo todo para dar conta de tudo.

Mas, nunca foi tão falado nas conquistas adquiridas desta nova mulher. Na exclusão de papéis únicos e adição de novos papéis que as satisfaçam.

A satisfação de ser mãe, sem precisar focar somente a família. A satisfação de ser profissional, sem precisar abrir mão da vida pessoal. A satisfação de ser apenas uma mulher que quer e que busca por seus direitos, sem ter que se preocupar com o que a sociedade vai pensar.

Atualmente não há estereótipos que guiem esta nova mulher. Os diferentes estilos, hábitos, comportamentos e atitudes proporcionam variados perfis para um mesmo gênero.

Estudos de neurociências tem ajudado muito na compreensão do comportamento feminino. E tem sido muito utilizado por empresas e pelas próprias mulheres para entender as diferenças neurológicas entre homens e mulheres. E auxiliar no entendimento profundo das características peculiares de cada um.

O mercado feminino é considerado por muitos especialistas como o mercado emergente do século XXI, impulsionando principalmente o consumo para o mundo. Não é à toa que dos cerca de 18 trilhões destinados ao consumo em 2009, 12 destes foram destinados às mulheres (direta e indiretamente). E no Brasil, dos 2 trilhões, 1.3 foram definidos pelas mulheres.

A participação feminina brasileira é cada ano maior e pode ser comprovada pelos seguintes números:

Já são 51% da população;
52% no eleitorado;
25% do empresariado;
Cerca de 42% no mercado de trabalho;
53,3% dos aprovados nas faculdades;
Cerca de 35% são chefes de família.

Além de terem menos filhos, casarem-se mais tarde e viverem mais.

Guerreiras, Desafiadoras, Corajosas, Felizes, Comprometidas, Maduras e até muitas vezes culpadas por não conseguirem ser “mulheres maravilhas”. Estes são alguns dos adjetivos que cercam a Nova Mulher de hoje.

Parabéns não só pelo dia ou pelo mês da mulher, mas pelas conquistas de décadas que foram, que são e ainda serão alcançadas.